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ORGÃOS 3Ds já são possíveis…

Parece ficção científica, mas impressoras que fazem objetos em três dimensões já são usadas para fazer órgãos humanos e outras partes do corpo. Por enquanto, eles ainda não podem substituir os verdadeiros, mas já funcionam como modelos para que os médicos planejem melhor as cirurgias. Com esses órgãos de plástico em mãos, chamados biomodelos, o médico pode ensaiar um procedimento cirúrgico. Isso diminui o tempo da cirurgia e os riscos de complicações. “Imprimimos um tumor de mandíbula que o médico não achava ser tão grande. Ao analisar o modelo, ele decidiu que era melhor fazer radioterapia para diminuir o câncer antes de operá-lo”, diz o economista Felipe Marques, um dos sócios da empresa BioArchitects, que fará os biomodelos para o Sírio Libanês. Criada em 2013 pelo administrador de empresas Aurélio Lebovitz, a BioArchitects já comercializou mais de 200 desses biomodelos. Eles também são vendidos nos Estados Unidos, onde a BioArchitects abriu uma filial. “Os médicos ficam muito empolgados com a possibilidade de ter a anatomia do paciente nas mãos”.

A tecnologia de impressão em três dimensões – a chamada impressão 3D – começou a ser usada na medicina ainda na década de 1980, para a produção de próteses de reconstrução óssea. O uso para a impressão de órgãos se intensificou nos últimos anos, quando surgiram pesquisas e publicações científicas sobre o assunto. São usados materiais plásticos, com diversos graus de dureza e cor, escolhidos de acordo com a consistência do órgão real. A estrutura impressa traz o problema de saúde a ser tratado, que pode ser uma fratura de osso, um tumor ou o acúmulo de gordura em um vaso sanguíneo.

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A técnica, usada antes de uma cirurgia no Hospital Saramaritano, em São Paulo, abreviou em duas horas a cirurgia e economizou R$ 20 mil. O médico usou uma réplica das costelas fraturadas do paciente para calcular o tamanho da prótese que teria de ser usada e a quantidade e o tamanho dos parafusos necessários. Sem o modelo, ele teria de fazer tudo isso durante a cirurgia, o que aumenta o tempo da intervenção e de anestesia a que o paciente é submetido. “Em vez de usar cinco placas, como parecia necessária, o médico percebeu, durante o planejamento, que só precisava de quatro”, diz o biomédico Walter Troccoli, diretor comercial da BioArchitects.

Por enquanto, os estudos apenas descrevem o uso dos biomodelos. Não comparam a eficácia e o custo dos procedimentos que usam esses órgãos de plástico aos das intervenções tradicionais. “Ainda não se tem evidências de que o uso de biomodelos realmente contribua para um desfecho positivo das cirurgias”, diz a médica Edina Koga Silva, especialista em medicina baseada em evidências. Ela diz que eles podem ser importantes no treinamento de estudantes de medicina e até mesmo para explicar ao paciente a sua doença.

Por ser nova, a tecnologia ainda é cara. Os órgãos custam entre R$ 1.000 a R$ 8.000. Um coração sai por R$6.000. Como ainda não há estudos com fortes evidências sobre os benefícios da técnica, ela não consta da lista de procedimentos obrigatórios na cobertura dos planos de saúde.

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A ideia é que, no futuro, as impressoras 3D façam mais do que órgãos de plástico, mas partes reais do corpo humano. “Conheço um projeto para imprimir um rim em que a impressora deposita células em meio de cultura no lugar e proporção certos, reconstruindo biologicamente um tecido”, diz Luiz Fernando Lima Reis, diretor de pesquisa do Hospital Sírio-Libanês, que fez uma parceria com a BioArchitects e oferecerá aos seus médicos a opção de usar os biomodelos. Por ora, os de plástico. Projetos como o citado por Reis ainda estão longe de virar realidade nos hospitais. Na prática, significaria que um paciente não precisaria entrar na fila à espera de um rim a ser transplantado. Bastaria imprimir um novo para ele, com suas próprias células e risco menor de rejeição. Um grupo de cientistas americanos, do Instituto Wake Forest de Medicina Regenerativa, na Carolina do Norte, trabalha para isso.

Eles desenvolveram uma impressora que usa materiais biodegradáveis, semelhantes ao plástico, para servir como molde para células vivas que o preencherão. Os cientistas já imprimiram estruturas do ouvido, ossos, músculos e as implantaram em animais. Esses tecidos se mostraram funcionais e desenvolveram um sistema de vasos sanguíneos que manteve as células vivas. Foi a primeira vez que as células sobreviveram ao processo de impressão e se mantiveram vivas por tempo suficiente para se integrar ao organismo. As células se proliferam e substituem o modelo, que degrada naturalmente.

Esses resultados iniciais indicam que a técnica é promissora para produção de órgãos, mas pesquisas mais detalhadas ainda são necessárias para que a tecnologia seja usada em humanos. A equipe desenvolverá estudos de longo prazo, primeiro em animais, para verificar a segurança e a funcionalidade dos órgãos artificiais. Também falta estudar como imprimir órgãos mais complexos, como um coração, e avaliar os riscos de rejeição. Além de questões técnicas, a aprovação desse tipo de tecnologia em humanos deve esbarrar em questões éticas a serem avaliadas pelas agências regulatórias de cada país.

Créditos da Matéria https://epoca.globo.com/vida/noticia/2016/03/medicos-fazem-orgaos-humanos-em-impressoras-3d.html